A relação entre leitura, escrita e matemática |
Meirivânia Alves de Souza
Consideramos de extrema importância relacionar a Leitura, a Escrita e
a Matemática, pois quando se fala em Leitura e Produção de textos para os
acadêmicos de Matemática há uma reação de espanto e insatisfação como se
fosse algo sem interação e dialogo, mas o que devemos observar é que a
matemática também é um tipo de linguagem que produz sentidos e
interpretações, por isso, objetiva-se apresentar a relação existente e
indispensável entre a Leitura, a Escrita e a Matemática.
A metodologia utilizada na pesquisa é a bibliográfica, sustentada
pelas Orientações Curriculares de Mato Grosso na área de Ciências da Natureza
e Matemática, bem como, por autores como Martins (2002), Marcuschi (2008),
D’ambrósio (2009), Micotti (1999), dentre outros.
Compreendemos que, para escrever e falar em diferentes situações
comunicativas, precisamos saber ler também os problemas matemáticos que
circulam nas diferentes esferas de atuação humana como a comercial, a
cotidiana, a publicitária, entre outras.
Assim, necessitamos da leitura e da escrita para dialogar com as
proposições matemáticas. Podemos afirmar que, não podemos caminhar sozinhos,
não é porque somos acadêmicos de Matemática que devemos ficar longe das
diferentes leituras, pois os textos utilizados no processo de ensino e
aprendizagem envolvem linguagens que se relacionam: escrita, imagens, gestos,
figuras, sons, números, etc.
Leitura e Interpretação dos
Cálculos Matemáticos
A leitura está presente em todos os momentos de nossa vida, assim como
na compreensão da Matemática, esta por sua vez, "auxilia na compreensão
e interpretação do conhecimento das outras ciências, colaborando em
atividades de estimações, medições, comparações, lógica, análise, entre
outras, desenvolvendo ideias, representações e estabelecendo relações, no
contexto de convivências" (MATO GROSSO, 2010, p. 05).
Para se realizar os cálculos matemáticos devemos fazer a leitura
adequada de seus símbolos, precisamos compreender o que cada exercício nos
propõe. Nesse sentido, Marcuschi (2008, p. 236) nos diz que, "para
compreender bem um texto exige-se habilidade, interação e trabalho”, por
isso, a aprendizagem da Matemática está interrelacionada às demais Ciências,
por meio de relações dialógicas.
Vasconcelos (2008, p. 2) nos faz uma colocação importante, dizendo
que, “a Matemática não é uma ciência cristalizada e imóvel; ela está afetada
por uma contínua expansão e revisão dos seus próprios conceitos. Não se deve
apresentar a Matemática como uma disciplina fechada, monolítica, abstrata ou
desligada da realidade”, por isso devemos considerar essa relação constante
da Matemática com a Leitura das demais áreas de estudo que dialogam entre si.
A leitura parece ser a "princesinha da aprendizagem", quando
Martins (2002, p.25) nos mostra ser ela "a ponte para o processo
educacional eficiente, proporcionando a formação integral do indivíduo”.
Assim, consideramos haver uma relação estável e positiva entre leitura,
escrita e Matemática, porque é no conjunto destas que se produzem o(s)
sentido(s) aos conteúdos ensinados pelos Professores.
Podemos ser bons professores, conhecedores dos conteúdos de
matemática, no entanto, devemos ser bem instruídos para ensinar aos nossos
alunos a leitura adequada de cada questão, pois precisa haver relações,
comparações, exemplificações, dialogo sobre o conteúdo em estudo. Micotti
(1999, p. 162) afirma que, “o saber matemático, do ponto de vista didático,
permite destacar algumas peculiaridades: seu caráter abstrato; a precisão dos
conceitos; o rigor do raciocínio e a especificidade da linguagem”. Não
adianta nada ser um gênio da Matemática se quando abrir a boca para mostrar
seus conhecimentos evacua-se um monte de coisas sem sentido, nós professores
devemos estar preparados para todas as situações que envolvem a linguagem
matemática.
Uma educação de qualidade deve atingir vários objetivos, dentre eles a
relação de equivalência entre Linguagem e Matemática. D’ambrósio (2009) nos
diz que, a linguagem não envolve apenas letras, mas também a quantificação de
atributos de objetos para haver a comunicação. Para o autor, "a
Matemática é um instrumento importantíssimo para a tomada de decisões, pois
apela para a criatividade. Ao mesmo tempo, a Matemática fornece os
instrumentos necessários para uma avaliação das consequências da decisão
escolhida" (IBIDEM, 2009, p. 05).
A ideia de que a Matemática só tem utilidade prática naquelas
profissões que lidam com números encontram-se cada vez mais longe da
realidade, porque a Linguagem Matemática está presente em diferentes gêneros
textuais/discursivos, assim, as diferentes áreas de conhecimento precisam ter
conhecimento sobre a matemática para realizar as leituras necessárias a compreensão
de um objeto ou dos objetos de estudo que envolvem as diferentes Ciências.
Devemos valorizar a utilização de diferentes informações para,
saber ler e interpretar diferentes textos em diferentes linguagens,
saber analisar e interpretar informações, fatos e ideias, ser capaz de
coletar e organizar informações, além de estabelecer relações, formular
perguntas e poder buscar, selecionar e mobilizar informações, que são
habilidades básicas do ser humano (DINIZ, 2011, 12).
No ensino da Matemática, os professores se utilizam de muitos
gráficos, figuras e símbolos, os quais devemos lê-los de maneira correta para
haver a aprendizagem do aluno. Desta maneira, é possível visualizar um
símbolo e achar que ele é algo totalmente diferente do que realmente se
mostra, este equivoco é justificado pela falta de leitura e de prática da
escrita que considera as práticas de interação humana, os contextos
sócio-históricos e culturais e a forma como as coisas acontecem no cotidiano.
Diante disso, devemos estar cientes que devemos ensinar a matemática
por meio da motivação, do interesse, da curiosidade do espírito investigativo
do estudante, por meio do qual propiciamos "o uso dos conhecimentos
matemáticos na compreensão da realidade e capacidade de resolver problemas no
seu cotidiano" (MATO GROSSO, 2010, p. 06).
Diante do exposto, consideramos que não há distinção entre a
Matemática, a Leitura e a Escrita, pois estão totalmente interrelacionadas.
Portanto, os professores devem levar para a sala de aula essa dependência que
uma disciplina tem da outra, não é porque sou um professor de Matemática que
não vou levar textos para meus alunos lerem, ou então porque sou uma
professora de Produção de Textos e Leitura que a Matemática deve passar bem
longe das minhas aulas. Essas ideias devem ser desconsideradas, temos que
fazer a apresentação desses conteúdos em conjunto, para que não ocorra a
perda de nenhum conhecimento articulado às diferentes áreas do conhecimento.
Referências Bibliográficas
MARCUSCHI, Luiz Antônio. A Produção Textual, Análise de Gêneros e
Compreensão, Parábola Editorial, 2008 (p. 228 a 281).
MARTINS, Maria Helena. O que é Leitura. São Paulo: Brasiliense,
2005.
MATO GROSSO. Orientações Curriculares: Área de Ciências da
Natureza e Matemática. Cuiabá-MT: SEDUC, 2010.
MICOTTI, Maria Cecília de Oliveira. O Ensino e as Propostas
Pedagógicas. In.: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Pesquisa em
Educação Matemática: Concepções e Perspectivas. São Paulo: Editora
UNESP, 1999, (p. 153 a 157).
VASCONCELOS, Cláudia Cristina. Ensino-Aprendizagem da Matemática:
Velhos problemas, Novos desafios. Acesso: 25/02/2008.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Teleconferência no programa PEC – Formação
Universitária, patrocinada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo,
27 de Julho de 2002. Artigo retirado do site: HTTP://vello.sites.uol.com.br/aprendida.htm. Acesso: 26/02/2009.
DINIZ, Maria Ignez. Coordenadora do Mathema. Matemática e Leitura.
http://www.mathema.com.br. Acesso: 03/05/2011.
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